segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Uma pequena reflexão sobre o racismo

Preconceito e racismo são comportamentos geralmente de intolerância (velada ou não) à diferença do outro. Segundo os dicionários, "O racismo é um preconceito contra um "grupo racial", geralmente diferente daquele a que pertence o sujeito, e, como tal, é uma atitude subjetiva gerada por uma sequência de mecanismos sociais", " a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras" ou ainda "teoria que afirma a superioridade de certas raças humanas sobre as demais; ação ou qualidade de indivíduo racista". Brah (2006) levanta questionamentos extremamente interessantes referentes à definição de diferença, como quem as define, quais normas as determina, o que caracterizaria um grupo como diferente e quais seriam as reflexões dessa diferença interiorizada na psiquê dos indivíduos, enfatizando a importância da experiência do indivíduo em sua constituição como sujeito portador de um marcador de diferença, pois se perceber diferente vem de uma tríade: experiência, relação social e subjetividade, o que dá a indivíduo seu aspecto singular, mesmo que esteja "formatado" em determinada categoria.



terça-feira, 22 de novembro de 2016

Compilado de frases reflexivas sobre a escravidão









FONTES:
  1.  http://ospontosdevista.blogs.sapo.pt/tag/escravizados
  2. http://kdfrases.com/frase/127611
  3. http://kdfrases.com/frase/129285
  4. http://kdfrases.com/frase/139459
  5. http://kdfrases.com/frase/139454
  6. http://www.filosofiahoje.com/2012/12/libertei-mil-escravos-podia-ter.html
  7. http://dedsemed.blogspot.com.br/2015/05/dia-nacional-de-denuncia-contra-o.html
  8. http://kdfrases.com/frase/106581


O que considero sobre a escravidão

Se estivesse  no período colonial ou pós colonial até a época de 1850, certamente não consideraríamos o quão difícil era viver nessa época. É claro que tenho que admitir que foi estranho saber que até mesmo  negros eram proprietários de escravos . Mas o maior absurdo é ter que admitir que os seres humanos são tão cruéis a ponto de fornecer a pessoas humildes - que não tem muitas escolhas a não ser qualquer  trabalho- , pessoas de boa fé (em doutrina e religião considerados seitas) trabalho ou função que não estão de acordo com a lei estabelecida para um trabalho digno. Significando que o sistema escravista ainda afeta muitas sociedades do mundo atualmente, inclusive a de Minas Gerais que  é muito citada quando se refere a escravidão. 
No entanto, para tudo é possível uma solução, até várias para este problema. É necessário medidas que garantem conscientização e aprendizado a todos  os próximos envolvidos de forma análoga à escravidão.




Poesia de Castro Alves


A CANÇÃO DO AFRICANO



"Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão ..."

"De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!"

"Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!"

"0 sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!"

"Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar ..."


Há ainda trabalho análogo ao periodo da escravidão



                        



Estes vídeos (divididos em 3 partes) apresentam uma reportagem afirmando que há grande quantidade de trabalho análogo a trabalho escravo no mundo todo.


Vídeo: Senzala no interior de Minas Gerais


Esta é uma das poucas senzalas feitas naquela época que o ser humano esqueceu ao longo do tempo aqui no Brasil.Hoje ela está acabada e quase se perdendo por causa da exposição a chuva,sol e o tempo em si.

Como era ser um escravo nas minas de ouro

A cidade de Ouro Preto é historicamente triste, não tem como não ficar com este pensamento depois de entender tudo que ocorreu naquelas terras… quantos homens não morrerem ali, injustiçados. Quantos negros e negras não sofreram… Pensar nisso tudo é realmente triste. Ainda mais quando lembramos que nada do ouro extraído daqui ficou para nós, para os brasileiros
Já era umas 16h quando fomos com a Jussara, dona do Trilhas de Minas Hostel, até a Mina Jeje e sentimos um pouco, mas bem pouco do que era a real condição do trabalho dos escravos da Minas de Ouro. Para entrar na Mina o custo é de R$ 20,00, mas nós pagamos um pouco a mais para realizar um passeio diferente, andar pelos túneis do ouro, ir além do espaço tranquilo, onde era possível ficar em pé. Não chegamos a realizar nem um décimo do que era feito naquela época, mas andar agachado, se rastejar um pouco para passar por locais apertados e escuros, estar dentro de um local desse era às vezes sufocante. Imagina estar um pouco mais de 200m abaixo do nível da terra, com um montanha sob você. Medo de desmoronar? Acho que esse seria a menor das dores, em vista do que aqueles negros sofriam.

Caminhamos pelo túnel de acesso, estreito, mas com altura de pelo menos 1,80m – já que nós andávamos normal, em pé – até chegar em uma sala de onde haviam algumas ramificações, onde os túneis davam acesso a outras salas, pequenas e mais apertadas. Hoje em dia está mina está desativada, assim como muitas de Ouro Preto, como diz a nossa guia “Ouro Preto é um queijo Suiço”, por baixo da terra há muitas minas. Ouvimos que nos dias de hoje ainda existem minas funcionando na cidade, clandestinas e não se sabe as condições de trabalho dessas pessoas.
Mesmo com toda essa tristeza sentida quando está lá dentro nós, eu e o Marcos, ficamos encantados de poder entrar em local desse, de ver o quão preservado está tudo. Chegamos ao final de um dos túneis e lá há uma nascente, a água que cai das pedras que estão acima de nós formou um lago dentro da Mina, água cristalina e pura! Saímos de lá sujos, de se rastejar na terra para conseguir passar em alguns túneis.
É interessante dizer que muitas crianças trabalhavam nas Minas de Ouro de Ouro preto, por serem pequenas poderiam facilmente passar pelos espaços apertados. Sem falar que muitos dos homens adultos era castrados para não se desenvolverem, não crescer, e assim serem destinados ao trabalho nas minas. A vida útil de um escravo naquelas condições de trabalho era em média de 7 anos 


FONTE: http://www.a4pes.com.br/2014/4414-como-era-ser-um-escravo-nas-minas-de-ouro

Trabalhos dos escravos no Brasil

O trabalho dos escravos indígenas

Os índios foram usados no Brasil desde os primeiros anos da colonização até o século XVIII. Os colonos portugueses escravizaram os índios para que eles trabalhassem, principalmente, na extração de madeira. Os índios escravizados cortavam e transportavam a madeira até as embarcações.

Os índios eram muito explorados e recebiam duros castigos físicos quando se recusavam a trabalhar ou faziam algo errado. Muitos não aguentavam a situação e morriam.

O trabalho dos escravos africanos no Brasil

Os portugueses que colonizaram o Brasil foram buscar na África a mão-de-obra necessária para a cultura da cana-de-açúcar. Os escravos trabalhavam em todas as etapas da produção do açúcar, desde o plantio até a fabricação do açúcar nos engenhos. Trabalhavam de sol a sol e eram castigados com violência quando não cumpriam ordens, erravam no trabalho ou tentavam fugir. Tinham que executar todos os trabalhos solicitados por seu “dono”.

As mulheres escravas também trabalhavam muito, porém alguns tinham a “sorte” de realizarem serviços domésticos (limpeza, culinária, cuidar das crianças). Essas tinham uma atividade menos penosa.

Os filhos dos escravos trabalhavam desde muito cedo. Por volta dos oito anos já eram obrigados a executar trabalhos de adultos e praticamente perdiam sua infância.

A partir da metade do século XVIII, com a descoberta das minas de ouro, os escravos de origem africana passaram a trabalhar também na mineração. Faziam o trabalho mais pesado, ou seja, quebravam pedras, carregavam cascalho e atuavam na busca de pepitas de ouro nos rios.

Nos séculos XVIII e XIX eram comuns, principalmente nas cidades maiores, os escravos de ganho. Estes tinham a liberdade de executar serviços ou vender mercadorias (doces, por exemplo) nas ruas. Porém, a maior parte dos lucro destas atividades deveriam ser entregues aos seus proprietários. Embora ficassem com pouco, muitos escravos de ganho guardavam dinheiro durante anos para poder comprar a carta de alforria, conquistando assim sua liberdade.

Conclusão

O trabalho imposto aos escravos no Brasil até a abolição (1888) foi duro, massacrante e injusto (pois era obrigatório, sem direitos e sem remuneração). Recebiam apenas alimentação de baixa qualidade, roupas velhas e alojamento (senzala) subumano. Muitos escravos não resistiam e morriam de doenças ou em acidentes de trabalho, que eram comuns na época. Não possuíam não direito e eram vendidos e comprados como mercadorias. Contra estas condições de trabalho, muitos escravos fizeram revoltas ou fugiram, formando os quilombos, onde podiam trabalhar de acordo com os costumes africanos.


FONTE: http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/trabalho_escravos.htm

A família escrava: trabalho e obediência

Como eram as famílias de escravos? Para conhecê-las, é preciso, distinguir se eram escravos do campo – aqueles de “eito”, ou seja, que trabalhavam na lavoura – ou se eram “negros de ganho”, aqueles que trabalhavam nas cidades.
Os negros de eito:
A época de colheita ou de moagem da cana servia para que homens e mulheres se encontrassem . De maneira geral, nas grandes fazendas, havia mais homens do que mulheres nas senzalas. A escolha de uma mulher muitas vezes causava disputas violentas entre os homens: brigas de faca, ameaças e até mortes.
Os escravos preferiam unir-se em casamento ou concubinatos com companheiros da mesma origem étnica. Chama-se a este fenômeno endogamia. Escravos de origem nagô, casavam-se com nagô; os de origem haussá, com haussá, os cabinda com cabinda e assim por diante. Em São Paulo, por exemplo, 25% dos casamentos realizados no século XVIII o foram entre africanos, 34% entre crioulos e 41% entre africanos e crioulos.
Essa escolha, ditada por afinidades culturais e religiosas, permitia ao casal organizar seu mundo com os mesmos hábitos e tradições da sua região de origem na África. O viajante francês Auguste Saint-Hilaire, de passagem pelo Brasil  em 1816, registrou o seguinte depoimento de um escravo africano, residente em Minas Gerais:
“…vou me casar dentro de pouco tempo; quando se fica assim, sempre só, o coração não vive satisfeito. Meu senhor  me ofereceu primeiro uma crioula, mas não a quero mais; as crioulas desprezam os negros da costa. Vou me casar com outra mulher  que minha senhora acaba de comprar; essa é da minha terra e fala a minha língua
Alguns casais uniam-se através de casamentos coletivos organizados por seus senhores. Em São Paulo, 96% dos escravos casaram-se, durante o século XVIII desta maneira. Outros viviam juntos e tinham filhos, formando uma família. A situação desses negros ficava dramática quando, por alguma razão, o senhor resolvia vender um dos cônjuges. Se o casal era feliz, o que ficava muitas vezes acabava fugindo para acompanhar o companheiro. Havia, também, senhores de bom coração que, ao vender um dos dois, – em geral o homem, – dava liberdade ao outro, para que pudesse acompanhar o parceiro. Foi esse o caso de Quitéria, escrava de uma certa D. Ana Maria Francisca, em Campos, no Rio de Janeiro. Vivendo longe de seu companheiro, Quitéria viu-se ameaçada de venda pelo marido de D. Ana. Esta, então, “pelo grande amor que tinha a escrava, e em razão dos bons serviços que havia recebido, sem constrangimento de pessoa alguma lhe deu liberdade pelo amor de Deus”.
Havia, também, senhores que sem qualquer respeito pela vontade de seus escravos, ordenavam: “Tu, fulano, a seu tempo, casarás com fulana”. Cumpriam, assim, a obrigação que tinham com a Igreja, garantindo, ao mesmo tempo, que os filhos desta união fossem seus escravos como os pais.
Na maior parte das vezes os escravos dormiam separados das escravas. Alguns senhores, atentos às necessidades dos casais reservavam para eles um espaço à parte nas senzalas e até construíam pequenas casinhas. Esses casais, como os demais escravos, trabalhavam para os seus senhores o dia inteiro. Nos fins de semana podiam descansar ou trabalhar para si próprios. Nas fazendas costumava haver um pedaço de terra que lhes era entregue, onde podiam cultivar alimentos e vender o excedente.
Até sete anos, os filhos de escravos ajudavam os pais fazendo pequenos serviços à volta da senzala ou da casa em que moravam: catavam ervas daninhas que cresciam na plantação, semeavam ou colhiam frutas ou se possuíam algum animal de estimação cuidavam dele. Dentro de casa, auxiliavam na cozinha e atendiam às ordens e desejos de seus donos: levavam recados, traziam copos d’água, transportavam objetos miúdos.  Mais tarde eram obrigados a trabalhar para o senhor de engenho.
escravo na cidade:
Nas cidades, as uniões entre homens e mulheres escravos, ou entre escravos (as) e alforriados (as) ou livres, também vão ser correntes. Aí também prevalecia o padrão endogâmico de casamento do qual falamos. A família escrava apoiava-se numa forma de solidariedade muito forte: a espiritual . Escolhendo para padrinhos ou madrinhas de seus filhos amigos ou companheiros de trabalho ou de etnia, os descendentes de africanos formavam um tipo de família onde os laços com a tradição africana eram muito importantes. Os padrinhos e madrinhas ficavam encarregados de proteger e ajudar o afilhado até o final da vida. Vale lembrar que em algumas cidades, como Salvador, a localização de membros de uma mesma famílias de escravos vindos da África e separados na hora da venda , não era muito difícil. Havia uma tendência natural entre os escravos africanos e os libertos em se aproximarem dos recém-chegados informando-os do paradeiro de seus familiares, mesmo quando esses eram encaminhados para os engenhos do Recôncavo. Uma rede permanente de informações das diversas “nações” fazia circular as notícias sobre os familiares vendidos a proprietários diferentes. Para muitos, as separações foram definitivas, bastando que fossem vendidos para senhores em Minas Gerais ou no Rio de Janeiro. Mas para os que ficavam nas redondezas de Salvador, havia sempre a possibilidade de reencontrarem-se irmãos, pais e mães ou outros parentes.
Os filhos das uniões não sacramentadas eram considerados ilegítimos, pela Igreja. Para se ter uma ideia de como os índices de ilegitimidade eram elevados, em Salvador, na Bahia, entre 1830 e 1874, 4/5 das crianças negras e mulatas eram ilegítimas e em São Paulo, entre 1745 e 1845 elas perfaziam 39% dos nascimentos, e em Vila Rica, Minas Gerais, em 1804 eram mais de 98% das crianças escravas.
Nas cidades os escravos podiam ser de vários tipos – domésticos, de aluguel, de ganho. Os primeiros trabalhavam em casa, junto aos seus donos, servindo-os no quotidiano como cozinheiras, mucamas, cocheiros, limpavam a rua defronte da casa, carregavam lixo e transportavam água. Os de aluguel eram “alugados” à oficinas de sapataria, alfaiataria, carpintaria ou a serviços de reparo e conservação de edifícios e estradas. Os escravos de ganho, como o nome indica, ganhavam um “jornal” oferecendo aos passantes, bolos, doces, legumes, roscas e tortas. Do produto da venda, reservavam para si algumas economias.
Juntando o jornal, os escravos conseguiam, muitas vezes, comprar a liberdade de um companheiro ou companheira com o qual se casavam. Casais assim formados, conseguiam sobreviver razoavelmente. Alugavam um quarto em um cortiço ou casinha nos arredores da cidade e criavam seus filhos. Para não atrapalhar o trabalho de seus pais, as crianças eram, muitas vezes, educadas amigas ou parentes livres, em cujas casas cresciam e aprendiam os primeiros ofícios.
Havia casais que levavam seus filhos para a casa do senhor, onde eles cresciam misturados ao “sinhôzinho e à sinházinha”. Serviam de brinquedo para o filho do senhor ou eram enfeitados e arrumados como verdadeiros bonecos a fim de exibir a riqueza da família do seu proprietário. Os “moleques”, como eram chamados os escravinhos, desde cedo dedicavam-se a atividades domésticas: levavam recados ou copos de água para a “Iáiá”, abanavam as moscas da sala com grandes leques, carregavam o missal ou o guarda-chuva do senhor quando esse ia para a igreja, etc.
No Brasil colonial, era também comum encontrar casais em que apenas um dos parceiros era escravo. Situações como essa acabavam criando desfechos dramáticos. Foi o caso de um comerciante português, José Pereira, que vivia com uma escrava, Umbelina em Salvador. Apaixonado, José alforriou a amante mas manteve como escravos dois dos filhos que ela tivera, antes de conhecê-lo. Ao morrer, José deixou uma pequena fortuna para sua mulher e a filha que tinha nascido dessa união. Entre os bens que a menina Gertrudes herdou, estavam os dois meio irmãos, a quem José ordenara em seu testamento, que trabalhassem como “escravos de ganho” para fazer um dote até que Gertrudes completasse 18 anos. Imaginem a situação: uma garotita mulata livre tendo a seu serviço, dois meios-irmãos escravos!
Quando  abandonadas por seus companheiros, as mulheres escravas e forras criavam seus filhos como podiam. Havia até aquelas que “vendiam” as próprias filhas para sobreviver. Em  Minas Gerais, durante o século XVIII, não foram poucas as mulheres, como uma certa Apolônia, mulata e solteira que, segundo um processo que lhe foi movido por um bispo mineiro,
“devendo viver como católica e não causar escândalos a seus próximos com o mau procedimento, ela faz tanto pelo contrário”,prostituindo-se, junto com duas irmãs e a mãe, “numa casa que alugou no campo onde recolhe quem à noite as busca”.
Assim, era comum haver famílias compostas exclusivamente por mulheres,  que para ganhar a vida recorriam cedo à prostituição. Nos processos judiciais movidos contra elas aram chamadas de “mulher vagabunda”, “desordeira”, “depravada”, “de má fama” – em vez de dados concretos como nome, ocupação e idade . O que as autoridades não percebiam é que com “uma ou duas patacas no bolso” e com a ajuda de comadres, amigas ou vizinhas que as ajudavam, elas mantinham filhos, maridos, pais velhos, parentes pobres e agregados. Os filhos  eram removidos para outros lares e alguns deles só vinham reencontrar suas mães quando se tornavam adultos.
Sobre a separação de mães e filhos escravos vale lembrar que para horror e tristeza de muitas escravas que trabalhavam nas cidades, os senhores as separavam de seus filhos, alugando-as como amas-de-leite. O hábito das brasileiras de não amamentar seus filhos, alugando para isso uma “mãe preta”, escandalizava os viajantes estrangeiros que passavam por aqui. – Mary del Priore (“A Família no Brasil Colonial”).

 “Casamento de negros em uma casa rica”, de Debret.
                          
FONTE: http://historiahoje.com/a-familia-escrava-trabalho-e-obediencia/

OBRA DE TARSILA DO AMARAL

GARIMPEIROS - 1938

Minas Gerais concentrava a maior população de negros no século XVIII

Homens e mulheres chegaram com técnicas para extrair ouro e pedras preciosas. Muitos compraram a própria liberdade.


Minas Gerais foi o estado que tinha a maior população de negros no século XVIII. Os homens e as mulheres chegaram com técnicas para extrair ouro e pedras preciosas. Com isso, muitos compraram a própria liberdade. "A costa oeste africana não era só um lugar de boçais, ali tivemos faculdades, ali tivemos países que trabalhavam o ouro e trabalhavam a prata e que eram organizados como um exército de duzentos mil homens”, fala Milton Gonçalves, ator.


”Durante muito tempo se pensou que o tráfico de escravos acontecia da seguinte forma: um negociante, um traficante, chegava num porto africano, nesse porto já estavam aí uma quantidade grande de negros já escravizados, que vinham de vários lugares, e pegava-se todos esses negros, enchia-se um navio. Essa aparente irracionalidade do tráfico parece não ter existido nunca. A maior parte dos escravos africanos que entra nessa região de mineração, são escravos provenientes de regiões mineradoras muito antigas do continente africano. Conheciam técnicas e técnicas específicas, inclusive formas que foram muito utilizadas aqui”, explica Eduardo França Paiva, professor de história da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Essa história agora vai ser contada em função desse desejo comum de todos os brasileiros, especialmente dos negros que é os que vão, digamos assim, vão estar sendo premiados com o resgate, com a recuperação de memória, com identificação, com a identidade adequada a realidade da sua história”, completa o cantor e compositor, Gilberto Gil.


"A dificuldade, a meu ver, é recuperar o tempo perdido, essa é a maior dificuldade. Ou seja, nós abandonarmos o eurocentrismo exacerbado, que sempre marcou a historiografia brasileira”, comenta Joaquim Barbosa, ministro do Supremo Tribunal Federal.

O aumento da extração de ouro e pedras preciosas na região de Vila Rica fez o governo criar a famosa Estrada Real, que seguia até o Rio de Janeiro. “Nós vamos ter aí um grande fluxo de escravos para a região das minas. Os postos de controle, eles também passaram a se justificar para o controle não só do que saía, do ouro que saía, por exemplo, mas também dos escravos que entravam.então, ou seja, eram postos aonde eram cobrados impostos por toda mercadoria, mão de obra, que entrava, e bens, ouro, diamantes que saia, então, por isso que ficou esse conceito de Estrada Real”, orienta Antônio Gilberto Costa, geólogo e professor da UFMG.

A riqueza da região mineradora produziu uma nova classe social. Em nenhum outro lugar do Brasil havia uma proporção tão grande de negros livres. Muitos escravos negociavam com seus proprietários uma forma parcelada de pagar a alforria. "Parcelas ou semestrais ou anuais, muitas vezes pagas em ouro em pó. Outras vezes pagas com uma porta, uma galinha ou com prestação de serviço. Ao final do século XVIII, nós temos essa composição da população dessa área de mineração que, insisto, era a maior população de escravos, de libertos e de nascidos livres não brancos. No Brasil, e provavelmente em áreas reportadas assim, do mundo inteiro, nesse momento. Mais de um terço, na verdade, era constituída de ex-escravos e de descendentes de primeira geração. Outro 1/3 é constituído de escravos e o restante de brancos ou quase brancos”, completa Paiva.


Um pouco da história dos escravos e do dinheiro produzido pelo garimpo no século XVIII foi preservado na Casa dos Contos de Ouro Preto. Construída por uma espécie de banqueiro da época, virou sede da administração e contabilidade pública e foi restaurada nos anos 80. “A senzala, que hoje tem um piso pé-de-moleque original, em sua maior extensão, tava recoberta por cerca de 40 centímetros de terra batida, e ao pesquisá-la, ali, apareceram vários cadinhos jogados, misturados àquilo, e que hoje encontram-se em exposição na própria Casa de Fundição, junto com uma exposição da Casa da Moeda do Brasil”, fala o gerente regional do Ministério da Fazenda em Minas Gerais e responsável pela Casa dos Contos de Ouro Preto, Eugênio Ferraz.


Boa parte da arquitetura barroca de Minas Gerais também é uma herança dos negros. É o que conta o professor da UFMG. "A região de Moçambique. Essa região toda tem pedras sabão, o que nós chamamos de pedra sabão, e inclusive cidades inteiras construídas em pedra sabão. É um mineral que durante muito tempo se pensou que essa pedra sabão fosse algo exclusivo dessa região central das minas. Por isso todas as igrejas e todas as famosas portadas de Aleijadinho e dos outros escultores são sempre feitas em pedra sabão. Pensou-se muito, durante muito tempo, que isso foi feito com técnica europeia, não é mesmo. São escravos que conheciam técnicas, instrumentos, ferramentas específicas pra trabalhar com a pedra sabão.”





Comunidades Quilombolas no Brasil


A HISTÓRIA DA PRESENÇA NEGRA EM MINAS GERAIS


A descoberta de ouro e posteriormente de diamante provocou um intenso fluxo migratório para Minas Gerais em fins do século XVII. A promessa de enriquecimento rápido atraiu pessoas de vários lugares do Brasil. Bandeirantes paulistas, “na caça ao índio, ao ouro e às esmeraldas”, juntamente com baianos e pernambucanos migraram e trouxeram consigo um grande contingente de negros escravos (Silva, 2005: 68).


A escravidão foi a forma dominante de organização do trabalho no surgimento da sociedade mineira (Ramos, 1996). A necessidade de mão-de-obra para a exploração mineral e a ávida corrida pelo ouro durante a primeira metade do século XVIII fizeram com que o valor de um negro escravo na região fosse muito maior que no restante do país.
A demanda por trabalhadores bem como as dificuldades encontradas com o tráfico valorizaram o preço da mão-de-obra. Tal valorização estimulou proprietários de escravos de São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco a também migrar para as Minas, onde os negócios tornaram-se mais rendosos. O fluxo de migrantes e a grande riqueza mineral da região fizeram com que Minas Gerais se transformasse no centro do poder econômico do país durante o século XVIII.
Nos anos em que a mineração foi economicamente rendosa, foram empregados nas minas cerca de 500 mil negros (Silva, 2005: 72).  Entre 1700 e 1850, época do apogeu da mineração, vieram para Minas Gerais 160 grupos de negros africanos de três regiões: os sudaneses (especialmente do Golfo da Guiné: haussas, minas, iorubas, malês, entre outros), os bantus (angolas, congos, bengueleas) e os moçambiques. Desde o século XVIII, a população negra no estado nunca foi inferior a 30% da população total – índice considerado alto (Silva, 2005).


A Resistência


Os quilombos marcaram esse período da história de Minas Gerais. A formação de quilombos foi intensa na região. Muitos foram os negros que lutaram contra o cativeiro. Segundo pesquisa realizada por Silva (2005), no período de 1710 a 1798, existiram cerca de 120 quilombos em Minas Gerais.
Os quilombos nessa região, ao contrário do que rege o imaginário popular, não se constituíram apenas em lugares ermos, distantes dos centros urbanos: “Os quilombos em Minas Gerais não existiam isolados; em geral, os escravos não fugiam para muito longe das comunidades mineradoras urbanizadas” (Ramos, 1996: 165).
Nas proximidades das vilas e cidades formaram-se numerosos pequenos quilombos, a maioria sem nome ou identificada por sua localização. Essa proximidade facilitava a fuga de outros escravos.
A repressão aos quilombos em Minas Gerais teve como primeira manifestação a criação do cargo de “capitão-do-mato”. No entanto, essa providência não controlou as fugas e a criação de sucessivos novos quilombos.
Os quilombolas ou calhambolas, como eram chamados os negros fugitivos em Minas Gerais, eram acolhidos por comerciantes que negociavam com eles (Ramos, 1996). Muitos comerciantes preferiam comprar dos quilombolas, pois o preço era mais baixo. Diversos fazendeiros também solicitavam os serviços desses negros como estratégia para que eles não se rebelassem e atacassem suas propriedades.
Por sua vez, os quilombolas precisavam vender seus produtos (cultivados, extraídos – no caso do minério – ou roubados) para garantir sua sobrevivência. Assim, a proximidade geográfica de pequenos quilombos aos centros urbanos era interessante tanto para quilombolas quanto para muitos setores da sociedade livre.
O espaço mais utilizado pelos negros para negociar seus produtos, trocar informações e estabelecer solidariedade eram as vendas. Essas vendas ou tabernas, na sua maioria, eram controladas por mulheres forras ou escravas que mantinham um estreito trato com o público. As mulheres controlavam o comércio não somente nas vendas, que ocupavam determinado espaço físico, mas também no comércio ambulante. Eram as chamadas negras do tabuleiro ou quitandeiras (Silva, 2005).
Essa condição dava às mulheres negras um papel estratégico. Mulheres forras, as quitandeiras circulavam com seus tabuleiros a vender seus produtos a escravos, livres, quilombolas e autoridades. Sempre bem informadas, elas avisavam os quilombolas sobre as investidas de repressão e facilitavam as trocas comerciais entre os negros fugidos e os demais grupos da sociedade. Além disso, elas forneciam gêneros alimentícios a escravos e os auxiliavam em suas fugas, escondendo-os em suas residências (Silva, 2005: 196).
Tal fato não passou despercebido das autoridades que chegaram a instituir leis para controlar e diminuir as atividades comerciais das mulheres negras. Como a maioria da população negra escrava na época era urbana, as várias tentativas de proibir a circulação de escravos fracassaram.
Os negros fugidos circulavam e mantinham contatos com os residentes. Como a população urbana era em grande escala composta por pessoas “de cor”, os negros fugidos circulavam de forma despercebida pelas autoridades nas cidades. Somado a esse fator, os quilombolas contavam também com o apoio da população escrava e de parcela da população livre. A relação entre quilombolas e moradores nas Minas era fluida e foi um dos fatores que dificultou sobremaneira a repressão contra esses grupos.
Foi contra o cativeiro e pela liberdade que os negros levados para Minas Gerais lutaram. Por meio de diferentes formas de resistência, os negros conquistaram seu espaço em terras mineiras. A fuga, a ocupação de áreas não povoadas após a abolição ou mesmo o recebimento de glebas de terra de seus (antigos) proprietários por doação ou herança foram as formas de conquista e consolidação dos territórios negros em Minas Gerais. Contudo, no Brasil contemporâneo, essas terras, juntamente com sua história, estão ameaçadas.



Presença das comunidades no estado, mapeada pelo projeto Quilombos Gerais, da Cedefes, em maio de 2007


Os Últimos Carijós: Escravidão Indígena em Minas Gerais: 1711-1725


Nos últimos anos, a historiografia relativa à escravidão indígena revelou uma realidade surpreendente. Contrariando assertivas consagradas, vários estudos mostraram que as populações nativas do Novo Mundo português foram, nos séculos iniciais da colonização, sistematicamente exploradas em fazendas destinadas à agricultura de exportação. Nas áreas economicamente periféricas, o escravismo com base no gentio da terraestendeu raízes profundas, sobrevivendo até a segunda metade do século XVIII. No dia-a-dia das plantações, no cotidiano da vida familiar e até mesmo nos momentos de revolta, os cativos ameríndios compartilhavam seus anseios e expectativas tecendo laços de solidariedade no universo das senzalas.
Em Minas Gerais colonial, a escravidão baseada na exploração do braço nativo foi implantada pelos bandeirantes. Já francamente decadente em São Paulo seiscentista, a instituição sobreviveu até a segunda década de ocupação da região do ouro, para em seguida praticamente desaparecer das vilas, arrais e lavras mineiras.
No presente trabalho, analisaremos a evolução da exploração do trabalho indígena no Termo da Vila Carmo, futura Mariana, durante o período que vai do estabelecimento da Câmara (1711) até a extinção local, ou quase-extinção, da exploração escravista dos grupos ameríndios (1725).
Como é sabido, Mariana foi um dos principais centros escravistas das Gerais, reunindo, no ano de 1718, 10.937 escravos, do total de 34.475 cativos mineiros dedicados à faina aurífera. A futura capital da primeira diocese mineira respondia por quase um terço da renda fiscal amealhada nas Gerais. Para se ter idéia da quantidade de ouro produzido na Vila do Carmo, basta mencionar que em 1721 o volume auferido na cobrança do Quinto local alcançou 104,3 kg de ouro, valor extremamente elevado perante os 367,5 kg coletados no conjunto da capitania. Mesmo reconhecendo a fragilidade do registro fiscal, pode-se afirmar que a produção aurífera marianense oscilava, no início da década de 1720, em torno de meia tonelada anual.
A rapidez com que os antigos povoadores, muitos deles egressos de São Paulo, trataram de substituir os índios por escravos africanos, também expressava a pujança do sistema econômico colonial implantado em Mariana. Graças ao ouro, os antigos paulistas puderam adotar o modelo escravista típico das áreas litorâneas, que tinham no braço escravo africano seu principal sustento.
Uma vez dependendo da reprodução biológica para a reposição de gerações, o sistema escravista indígena mineiro entrou em declínio em virtude do desaparecimento das atividades de apresamento do silvícola. A proliferação de doenças, ao longo dos anos, comprometeu ainda mais a sobrevivência do sistema. As altas taxas de mortalidade, aliadas à quase ausência de reprodução biológica acabaram por inviabilizar a perpetuação das formas de exploração do trabalho nativo herdadas dos antigos bandeirantes.




Obra de 1735 revela mazelas dos escravos em Minas Gerais

Primeira obra a retratar com detalhes e críticas as condições de saúde dos escravos no Brasil, o manual de medicina prática Erário mineral, de 1735, escrito por Luís Gomes Ferreira, é o tema do artigo publicado por Alisson Eugênio, professor do Departamento de História da Universidade Federal de Alfenas, MG, em HCS-Manguinhos (vol.22, n.3, jul./set. 2015). O historiador analisa os relatos do cirurgião português sobre as doenças mais comuns no cativeiro dos escravos.
Inicialmente, Gomes Ferreira, que chegou ao Brasil em 1707, recém-formado no Hospital Real de Todos os Santos, serviu como oficial da arte cirúrgica e medicina prática nos navios lusitanos que cruzavam os oceanos entre os diversos pontos do Império português. Após residir por três anos em Salvador, estabeleceu-se em Minas Gerais, atraído pelas descobertas de metais preciosos. Lá, atuou em diversas localidades, principalmente em Sabará, Mariana e Ouro Preto, permanecendo na Capitania por cerca de 22 anos. Neste período, atendeu gente de todas as cores e condições sociais.
Em Minas Gerais, a demanda por escravos foi abundante. Entre o início da década de 1720 e meados da década de 1730, foram arrastados para o interior do país mais de 50 mil africanos. Somente em Vila Rica, o contingente de cativos saltou de 6.721 em 1716 para 20.863 em 1735. As condições de vida dessa população eram, de modo geral, muito duras. Sua jornada de trabalho era longa, árdua e frequentemente perigosa, sua moradia era precária, desconfortável e insalubre, e sua vestimenta insuficiente, inadequada e imunda. Por isso, sua vida era geralmente breve.
Os senhores não esperavam conseguir em média mais que 12 anos de trabalho dos escravos comprados ainda jovens. Era mais barato repô-los pelo comércio negreiro e extrair o máximo de sua produção com o menor custo possível do que investir nas suas condições de vida e saúde. Vila Rica registrava nos fins do século XVIII entre 50 e 66 mortes de cativos por mil habitantes – mais que o dobro da taxa de mortalidade de toda a Capitania na década de 1810, de 23,4 por mil habitantes.
Segundo Gomes Ferreira, “as enfermidades que mais comumente sucedem nestas Minas, principalmente aos pretos, são pontadas, enchimento do estômago, lombrigas e obstruções”. Explica o autor do artigo que esses quatro problemas de saúde podem ser classificados como pulmonares (pontadas pleurísticas), gástricos (enchimentos), parasitoses (lombrigas) e hepáticos (obstruções). Outros três tipos de enfermidades citados no manual são fraturas e feridas, doenças sexualmente transmissíveis e alcoolismo.
Em 1733, de volta ao Reino, o médico produziu o Erário mineral, uma coletânea de 12 tratados de cirurgia e medicina prática que sintetizam esses atendimentos e seu aprendizado em Lisboa, nos navios, no além-mar, nos contatos com sertanistas, com outros profissionais da saúde, nas obras médicas e cirúrgicas mais em voga e, finalmente, no seu estudo empírico das propriedades terapêuticas de plantas, animais e minerais por ele descobertas ou de que conheceu nos sertões mineiros. Os tratados expressam também a capacidade de seu autor de combinar a tradição médica ocidental com saberes populares para cura, construindo uma medicina marcada pela fusão de culturas terapêuticas de povos e comunidades diferentes.
No artigo Relatos de Luís Gomes Ferreira sobre a saúde dos escravos na obra Erário mineral (1735), Alisson Eugênio também destaca as críticas do cirurgião português às relações sociais escravistas, ao fazer advertências aos senhores que descuidavam da saúde dos seus escravos fundamentadas na moral religiosa católica e no ideário jesuítico.

Lei Áurea

Antes da Lei Áurea ter sido criada ouve outras duas leis que davam uma suposta "liberdade" aos escravos são elas: a lei do Ventre Livre e a Lei sexagenário. A lei do ventre livre dizia que pessoas que não atingiram a maioridade não poderiam trabalhar e a outra falava que as pessoas que já atingiram a idade de 60 anos não poderiam trabalhar. Só no ano de 1888 que a lei Áurea dava a verdadeira liberdade para os escravos no Brasil inteiro.

Trabalho escravo nas Minas

     

Este vídeo mostra como era a vida do pessoal daquela época e como os escravos eram tratados sendo que muitos deles eram torturados por não obedecerem as ordens dos seus senhores.